quinta-feira, 26 de maio de 2011

DES - CONHECIDA

Aquela
MENINA LINDA
que eu conheci, agora transformou-se em uma
MULHER LINDA, QUE EU NÃO CONHEÇO.
mulher  que não foi possível moldar.
NO JOGO DO CORPO, INAUGURANDO-SE.
deixando para trás, sonhos murchos.
RENASCEU INQUIETA EM MOMENTOS LINDOS,
Nos movimentos inesperados. Acordou para si mesma,
SERENAMENTE FELIZ
como se tivesse
A CADA DIA VIDAS INTEIRAS. E EU, JÁ SEM TANTAS
outras vidas. Eu previsível, viajante dos seus gestos,
FAREJANDO
nas pistas que, distraidamente, deixava
NOS ESPAÇOS VAZIOS
que me orientavam. Seu prazer é meu prazer!
SEU DESEJO
Só meu. Quando eu não estiver mais,
TEREI PASSADO COMO UM SOPRO FELIZ.
você, linda mulher desconhecida,
E QUANDO EU ESTIVER AQUI
dirá que sim,
DA SUA BOCA BELA DE PALAVRAS,
Com a firmeza das posses, e do olhar saudoso,
DE QUEM CONHECE OS SEGREDOS DA LEMBRANÇA.
Saberá que, apesar de tudo,
SABIAMOS,
soubemos
PERTENCER-NOS.

A - TEMPORAL

NO SILENCIO DO MEU OLHAR
                     Na necessidade de abraçar coisas
SENTIR O PLENO COM A ALMA TODA
                     Brincar entre trevas e claridades
ENTRE OBJETOS VAGOS, VIRTUAIS
                     Rápidos gestos pousam sobre mim
RESISTENTES AOS TEMPORAIS
                     Recolho coisas que nem preciso
A URGENCIA ME-DITA O RUMO
                     No amontoado de ridículas posses
INVENTO NOVAS NECESSIDADES
                     Por não ter nada do que guardei
SOU DESCARTADO PARA FORA
                     Dou-me tudo a um simples toque
E DAS ANTIGAS AMIZADES
                     Já não tenho contato das dermes
NEM OS OLHARES CRUZADOS
                     E os que dependiam de mim foram-se
PRESO A UM DESEJO, FIQUEI SÓ
                     Urgentemente, preparo a minha morte.

VENENO

Nunca lhe disseram?
mas acredite
sou bem pior
do que isso
que você vê.


Nunca lhe disseram?
Isso é só uma casca fina
que recobre o veneno
do que sou realmente capaz.
Essas velhas marcas
nem sonham traduzir-me


Agora o que não pode ser dito,
mas só sentido, é que,
quando me apaixono,
sou bem melhor

NUNCA MAIS A VI

Não a tenho visto,
mas com certeza
você me ouve,  me vê, me sente.
De certa maneira,
meu coração te pertence.

Não a tenho visto,fugistes?
Com as sombras furtivas
dos seus medos,
apagastes todos os rastros,
não tive como segui-la.

Nunca mais a vi,
mas pela desarrumação,
sei que visitas secretamente,
as salas da minh’alma.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

JANELAS

Quando estamos sós as horas se desmancham vagarosamente,
tempestade anunciada de um  desespero diluído, frio,
embaçado com a névoa que se acende no olhar vazio.

Do que falar quando não estamos sós.
A alma se perturba em melindres,
escorrega no abismo metafísico das palavras,
se recolhe muda, pronta para outro dia.
E cada vez, ansioso, não programo nada
sem a conivência do imprevisível.

A noite decide chegar com sua roupagem misteriosa
entoando canções apaixonadas, com cheiro de bebida forte.
Fujo dos questionamentos e dos pensamentos ricos,
mais complicados e mais profundos prá mim
não sinto vontade de espremê-los buscando o sumo de cada solução.

Desço pelas ruas, perco-me entre as pessoas, de propósito.
A inocência que briha nos olhos não é verdadeira,
Meu corpo contempla as janelas,

O sono alimenta o meu cansaço por coisas novas.

terça-feira, 24 de maio de 2011

QUERO

Quero para mim
O vibrante
O arrepio
Um estado novo
Que me entranhe
Doidamente
Com gosto de sangue.
Que anuncie o mistério
De uma alegria sem fim.
Quero tudo de uma só vez

Permanente  -  Conclusivo  -  Insaciável

Intimamente só,
escandalosamente a dois.

Quero o plural dos sentidos
O resumo das palavras
A estrela do norte.